Habitar no Guará

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O projeto da Casa do Guará, coordenado pela professora Cristiane Guinancio, busca explorar o conceito de Habitação a partir do entendimento de que as relações humanas mudam, e que cada vez mais, o bem-estar é referenciado de diferentes formas. Lançamos o desafio de projetar uma nova residência no Guará trabalhando conceitos seja na direção da preservação ou da revisão das lógicas, dos costumes, do capital ou da técnica, procurando recriar o olhar sobre a habitação e o lugar.

 

O Guará II foi inaugurado em 1972, como um loteamento para provisão de habitação de interesse social. Sua paisagem urbana e o perfil de seus moradores vem se modificando drasticamente nas últimas décadas fortemente. Influenciaram nesse processo o Plano Diretor Local – PDL, a implantação de duas estações de metrô, o surgimento de Águas Claras e os preços imobiliários arrasadores do Plano Piloto. O PDL do Guará (2006) determinou modificações nos parâmetros urbanísticos no sentido do adensamento urbano e criação de novos eixos de centralidade urbana: aumentou potenciais construtivos, aumentou gabaritos, permitiu novos usos, etc.
Habitar o Guará hoje reflete seu mercado imobiliário fortemente pressionado pelas opções de mobilidade e boa qualidade urbana e, no geral, um processo de gentrificação vem se consolidando cada vez mais. O comércio se adaptou: cresceu em estrutura, serviços e alguns tentam abraçar uma nova estética de consumo. Os espaços públicos respondem a novas práticas sociais.

Há também seus movimentos de resistência e um modo particular de habitar o Guará, resquício de gerações que carregam consigo a memória de terem participado do surgimento e do crescimento da cidade. Estas gerações e esse tempo se refletem nas apropriações de espaços de formas peculiares no Guará II: as quadras e sua multifuncionalidade e os pequenos comércios e serviços que atendem nas próprias habitações.